domingo, 23 de maio de 2010

Istanbul


Passei os últimos cinco dias em Istanbul. Foi minha terceira estada na cidade, sendo a primeira na companhia de uma amiga de adolescência. Cada vez que vou para lá, porém, tudo e maravilhosamente interessante e se torna difícil voltar para Ankara. Logo de cara, fomos a um hamam. Experiência obrigatória para quem tem um pouco mais de tempo por aqui, é preferencial que seja vivida com amigas. O ideal é ir a um indicado por alguma conhecida por conta principalmente da limpeza. Fomos ao Galatasaray Hamamı, pertinho da avenida mais badalada da cidade: fácil de chegar, bem limpo, preço razoável e, bem vazio. Banhos, esfoliação, sabão e massagem, acaba sendo uma espécie de day spa, mas com toda uma aula cultural por trás. Nos dias que se seguiram batemos muita perna pela Istiklal Caddesi, entrando em galerias Art Deco e em galerias moderninhas, comendo em restaurantes típicos (a Turquia tem pouca opção de comida não-turca. São raros restaurantes italianos ou japoneses...) ou maravilhosamente engordantes fast foods, e acima de tudo, observando as pessoas. Não é difícil achar turistas passeando por lá, mas é uma avenida bastante freqüentada por turcos e tem desde mulheres com seus véus variados - algumas com burcas – até peruas, patricinhas, travestis, gays, de tudo um pouco. Pelas ruelas laterais, principalmente perto do Balık Pazarı, o mercado dos peixes, restaurantes simpáticos e alguns pubs. Tudo cheio de gente conversando, fumando cigarros ou nariguiles, por vezes assistindo a apresentações de fasıl. Um dia fomos fazer um dos passeios pelo Bósforo, o mais curto deles, de duas horas. Enquanto eu mostrava animada meus lugares prediletos ou me empolgava em compartilhar minhas leituras sobre este ou aquele palácio ou museu(na foto estou em frente ao Dolmabahce, meu preferido), uma brasileira que estava perto puxou papo. Não é que ela era uma psicanalista carioca com consultório no prédio em que minha professora de turco tem loja em Ipanema? O mundo definitivamente e uma uva! Fomos ainda assistir a uma cerimônia de dervixes, dançar numa boate local, olhar vitrines em um shopping, visitar os museus obrigatórios e regatear no Grand Bazaar. Por vezes nos separávamos, cada uma usando sua horinha para fazer algo que a outra não necessariamente se empolgasse. Foi aí que visitei a exposição do Botero no Pera Museum e fiquei encantada tanto com a exposição como com o charmoso museu compacto. Revisitei alguns lugares e conheci outros tantos, ganhei mais familiaridade com algumas ruas e, principalmente no caso de Istanbul, com todo o sistema de metrôs, funiculaires e trams. Para continuar amando essa cidade, o segredo, acho eu, é fugir do que necessariamente leva ao inenarrável, incomparável, insuportável trânsito. Com algumas moedas, comprávamos os jetons (espécie de fichas plásticas coloridas) e com eles chegávamos a maravilhas históricas, gastronômicas ou ao nosso querido hotel, absurdamente cansadas, mas felizes.

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