terça-feira, 4 de maio de 2010

Cidade do Saber






Bilkent, ao pé da letra, quer dizer “cidade do saber”. A universidade foi criada em outubro de 1984 por um senhor recém-falecido chamado İhsan Doğramacı. Foi a primeira universidade privada, sem fins-lucrativos da Turquia e o objetivo era de criar um centro de excelência em educação superior. Com a exceção dos cursos de Direito e de Língua Turca, por motivos óbvios, todas as demais faculdades usam o inglês como língua de ensino e pesquisa. O campus lembra o de universidades norte-americanas, com dormitórios e alguns serviços ao redor da área das salas de aula, centros de pesquisa e biblioteca. É tida por muitos como uma das três melhores universidades da Turquia (as outras duas são Koç e Sabancı, em Istanbul) e o nível socioeconômico dos alunos em geral e altíssimo. Mecerdes, BMW, Mini Coopers (e ate Ferrari!) são vistos aos montes por aqui e não são poucas as alunas que circulam com legitimas bolsas Louis Vuitton e afins. Algumas usam véu, mas cobrem com um chapéu ou gorro, acredito por conta da lei que proíbe véus em universidades. Por conta de diversos convênios, os alunos são estimulados a passar pelo menos um semestre no exterior e a universidade recebe gente do mundo todo também, como eu. Sou a única brasileira, mas tem muitos franceses, poloneses, norte-americanos e alguns alunos do Djibuti, Japão e Hong Kong também. E por lecionar em inglês, o corpo docente é também de variada procedência. Tenho alguns amigos dos EUA, Noruega e Grã Bretanha entre eles. Meu amigo palestino do doutorado em Engenharia me falou do estímulo (quase exigência) para que se publique ao menos um paper por semestre em journals reconhecidos internacionalmente. O Departamento de História tem três linhas de pesquisa: História dos EUA, História Européia e História Otomana. O maior otomanista (e otomano, uma vez que nasceu antes da proclamação da republica turca em 1923) vivo, Halil Inalcık, não só leciona aqui (na verdade, mais orienta teses) como doou sua coleção para a biblioteca local. Bendita hora mandei um e-mail prospectando a possibilidade de passar um semestre aqui! E que sorte de ter conhecido no Brasil a Aylin Guney, que não só me ajudou com as formalidades do processo, como ajudou a me instalar... A vida dormitório/bandejão/biblioteca por vezes cansa, mas a perspectiva de viajar nos finais de semana, a esperança de que a tese saia bem legal e o sentimento de estar abrindo um bom precedente para outros brasileiros dão uma animada... Que venham muitos para a Turquia!





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